Ano: 2018 | Editora: Self-released | Review por: Guilherme Lucas
“Onde se poderia esperar um som lamacento e muito denso, grave e saturado, característico de muitas bandas do género, encontramos um som menos pantanoso, mais maquinal, rastejante e viperino, agudo e com mais espaços, extremamente criativo, muito disciplinado e remetido ao essencial em termos melódicos e rítmicos. Completamente aditivo e conceptualmente sedutor”.
“Onde se poderia esperar um som lamacento e muito denso, grave e saturado, característico de muitas bandas do género, encontramos um som menos pantanoso, mais maquinal, rastejante e viperino, agudo e com mais espaços, extremamente criativo, muito disciplinado e remetido ao essencial em termos melódicos e rítmicos. Completamente aditivo e conceptualmente sedutor”.
Os Odd Bounds são uma banda de formação ainda recente (iniciaram atividade em 2016), repartida geograficamente entre o Porto e a cidade-berço de Guimarães, urbes de cada um dos seus dois membros respetivamente, Pedro Adelino (guitarra) e Pedro Lopes (bateria).
É, porém, durante 2018 que o duo dá os seus primeiros passos quanto à exposição e apreciação pública do seu trabalho, depois de um período inicial em que se ocuparam a depurar o som que agora divulgam. No final de Junho lançam o seu primeiro trabalho de longa duração, através do Bandcamp, intitulado Live R Demo, correspondente a sete temas, dentro de uma abordagem completamente DIY de produção, mistura e masterização, dada a falta, neste período, de meios financeiros mais dilatados para poderem ambicionar uma produção maior e mais profissional. Os primeiros concertos sucedem-se.
Live R Demo revela-se como um bom exemplo de um primeiro trabalho de uma banda que, dentro de um contexto orçamental limitado, alcança, de forma muito inteligente e com arte, muitos dos pressupostos que todos os grupos ambicionam atingir nesta fase ainda inicial das suas carreiras. Um deles é obviamente uma gravação onde estejam plasmados bons temas e, se possível, bem gravados, para que fique registado para memória futura uma parte dessa génese temporal. Outro é que, pela sua óbvia qualidade, possa servir de catalisador para impulsionar as suas carreiras, e isso significa essencialmente concertos frequentes.
Live R Demo tem, de forma indesmentível, uma enorme qualidade e, por essa via, capacidade para conseguir estimular a carreira desta ainda jovem banda, estejam para isso reunidos fatores estratégicos e logísticos a breve trecho, e que passam sempre pela maior divulgação deste trabalho.
O que surpreende primeiro, e agrada logo de seguida, é constatar que os temas de Live R Demo são simplesmente primorosos e que se interligam, na perfeição, na sua ordem de escuta. Derivados, ou nem tanto assim, de todo um conceito de produção DIY, conseguem transmitir uma sensação de frescura muito personalizada na conjugação de subgéneros musicais, criando prometedoras expetativas quanto ao futuro destes Odd Bounds.
Para que se perceba melhor, o duo está musicalmente dentro dos subgéneros post-rock/post-metal, com uma forte predominância doom e algumas pinceladas de sludge; é ambiental e experimental q.b. e o reverb é um efeito omnipresente nas dinâmicas dos seus temas, que se impõe de forma muito própria.
Há rasgos muito interessantes de guitarra, que nos seus fraseados essencialmente doom, soam algo experimentais com um fundo sugestivo de resposta mais perto do eletrónico do que do analógico… mas mesmo assim soando natural. Há momentos que são de puro black metal estilístico, mas que ainda assim conseguem soar a surf, e é neste ponto que se situa muita da magia dos Odd Bounds. Os seus temas soam a clássicos muito facilmente e após poucas escutas, levando-nos a abstrair dos diversos subgéneros que a sua música abarca. Há obviamente também, e por isto mesmo, grande valor na sua capacidade composicional.
Conseguem, em diversos momentos, fugir à previsibilidade de produção destes subgéneros atrás citados. Onde se poderia esperar um som lamacento e muito denso, grave e saturado, característico de muitas bandas do género, encontramos um som menos pantanoso, mais maquinal, rastejante e viperino, agudo e com mais espaços, extremamente criativo, muito disciplinado e remetido ao essencial em termos melódicos e rítmicos. Completamente aditivo e conceptualmente sedutor.
Sendo um grupo instrumental, e não havendo vocalizações nos seus temas, não existe também uma preocupação específica quanto ao significado e nome de cada um dos seus temas. O mais importante para os dois membros é a própria música e o que a mesma pode transmitir. O nome de cada tema corresponde a cada um dos teasers que foram sendo publicados na sua página do Facebook e que no final assumiram-se como partilha, conjugação e síntese desses momentos.
O logótipo da banda (representando um cubo com as suas linhas separadas em dois elementos), parte da vontade de obter uma ligação plástica de fácil leitura com a sua música, e que é a de não ter limites definidos (Odd Bounds significa barreiras estranhas).
Considerando que Live R Demo foi lançado a meio de 2018, mas que só agora começa a obter maior divulgação, muito por via dos primeiros concertos do grupo, este trabalho tem desde já assegurado o seu lugar dentro das melhores produções nacionais deste ano. Não tanto pelos subgéneros em que está inserido, e muito menos pela sua bandeira DIY, mas sim porque é um excelente trabalho no seu todo. Sete enormes temas, muito viciantes, e que nos deixam a muito agradável constatação de que a boa música sempre acontece.
É, porém, durante 2018 que o duo dá os seus primeiros passos quanto à exposição e apreciação pública do seu trabalho, depois de um período inicial em que se ocuparam a depurar o som que agora divulgam. No final de Junho lançam o seu primeiro trabalho de longa duração, através do Bandcamp, intitulado Live R Demo, correspondente a sete temas, dentro de uma abordagem completamente DIY de produção, mistura e masterização, dada a falta, neste período, de meios financeiros mais dilatados para poderem ambicionar uma produção maior e mais profissional. Os primeiros concertos sucedem-se.
Live R Demo revela-se como um bom exemplo de um primeiro trabalho de uma banda que, dentro de um contexto orçamental limitado, alcança, de forma muito inteligente e com arte, muitos dos pressupostos que todos os grupos ambicionam atingir nesta fase ainda inicial das suas carreiras. Um deles é obviamente uma gravação onde estejam plasmados bons temas e, se possível, bem gravados, para que fique registado para memória futura uma parte dessa génese temporal. Outro é que, pela sua óbvia qualidade, possa servir de catalisador para impulsionar as suas carreiras, e isso significa essencialmente concertos frequentes.
Live R Demo tem, de forma indesmentível, uma enorme qualidade e, por essa via, capacidade para conseguir estimular a carreira desta ainda jovem banda, estejam para isso reunidos fatores estratégicos e logísticos a breve trecho, e que passam sempre pela maior divulgação deste trabalho.
O que surpreende primeiro, e agrada logo de seguida, é constatar que os temas de Live R Demo são simplesmente primorosos e que se interligam, na perfeição, na sua ordem de escuta. Derivados, ou nem tanto assim, de todo um conceito de produção DIY, conseguem transmitir uma sensação de frescura muito personalizada na conjugação de subgéneros musicais, criando prometedoras expetativas quanto ao futuro destes Odd Bounds.
Para que se perceba melhor, o duo está musicalmente dentro dos subgéneros post-rock/post-metal, com uma forte predominância doom e algumas pinceladas de sludge; é ambiental e experimental q.b. e o reverb é um efeito omnipresente nas dinâmicas dos seus temas, que se impõe de forma muito própria.
Há rasgos muito interessantes de guitarra, que nos seus fraseados essencialmente doom, soam algo experimentais com um fundo sugestivo de resposta mais perto do eletrónico do que do analógico… mas mesmo assim soando natural. Há momentos que são de puro black metal estilístico, mas que ainda assim conseguem soar a surf, e é neste ponto que se situa muita da magia dos Odd Bounds. Os seus temas soam a clássicos muito facilmente e após poucas escutas, levando-nos a abstrair dos diversos subgéneros que a sua música abarca. Há obviamente também, e por isto mesmo, grande valor na sua capacidade composicional.
Conseguem, em diversos momentos, fugir à previsibilidade de produção destes subgéneros atrás citados. Onde se poderia esperar um som lamacento e muito denso, grave e saturado, característico de muitas bandas do género, encontramos um som menos pantanoso, mais maquinal, rastejante e viperino, agudo e com mais espaços, extremamente criativo, muito disciplinado e remetido ao essencial em termos melódicos e rítmicos. Completamente aditivo e conceptualmente sedutor.
Sendo um grupo instrumental, e não havendo vocalizações nos seus temas, não existe também uma preocupação específica quanto ao significado e nome de cada um dos seus temas. O mais importante para os dois membros é a própria música e o que a mesma pode transmitir. O nome de cada tema corresponde a cada um dos teasers que foram sendo publicados na sua página do Facebook e que no final assumiram-se como partilha, conjugação e síntese desses momentos.
O logótipo da banda (representando um cubo com as suas linhas separadas em dois elementos), parte da vontade de obter uma ligação plástica de fácil leitura com a sua música, e que é a de não ter limites definidos (Odd Bounds significa barreiras estranhas).
Considerando que Live R Demo foi lançado a meio de 2018, mas que só agora começa a obter maior divulgação, muito por via dos primeiros concertos do grupo, este trabalho tem desde já assegurado o seu lugar dentro das melhores produções nacionais deste ano. Não tanto pelos subgéneros em que está inserido, e muito menos pela sua bandeira DIY, mas sim porque é um excelente trabalho no seu todo. Sete enormes temas, muito viciantes, e que nos deixam a muito agradável constatação de que a boa música sempre acontece.