Texto: Pedro Limão
Fotos cedidas por: Bruno Pereira
Eram ainda 14:25 quando os Vinnum Sabbathi entraram em palco para dar um tareia das boas ao público cada vez maior. A banda mexicana com o nome de uma música de Electric Wizard apoderou-se do palco de uma maneira estrondosa. Com a mistela entre sludge e doom de “Gravity Works”, a banda quis derreter logo com a cabeça de quem os ouvia, mostrando que não têm medo de enfrentar públicos alheios à sua música.
Seguiu-se Löbo para acabar com as atuações portuguesas do festival. Num doom bastante lento e introspetivo, meteram a plateia a absorver a sua música e a refletir sobre a mesma, mostrando aprovação com um ligeiro abanar da cabeça.
Para cortar com o ambiente já mais melancólico que o concerto de Löbo estava a tomar, vieram os Blaak Heat. Todo um novo estilo ainda não ouvido por Moledo, com bastantes traços de um psicadelismo oriental misturado com o heavy psy ocidental, e o uso de um oud, instrumento mais comum na música do Médio Oriente. Todos estes fatores contribuíram para um novo estado de emoções na piscina mais famosa de Moledo.
Mais uma vez, a banda seguinte nada teve de parecido com a anterior. Toxic Shock tocaram como se não houvesse amanhã. Com a atitude certa, de mostrar quem manda em palco, e com um thrash com traços de hardcore e punk, à Municipal Waste, criaram rapidamente um mosh em frente ao palco. O vocalista, em estado de euforia, subia tudo quanto era andaime, acabando o concerto com um salto para a piscina.
Ainda antes de fechar o pano do palco piscina, tocaram os Death Alley. Num concerto curto, pouco mais de 40 minutos, houve tempo para o rock’n’roll puro destes holandeses, com, certamente, grande influências de Motörhead e Blue Öyster Cult.
Neste segundo dia, coube aos Sasquatch a tarefa de iniciar os concertos no palco principal. Em concerto de apresentação do seu novo álbum, “Maneuvers”, vieram com rigor mostrar de que são feitos. Vindos da Califórnia e com um som muito característico do local onde nasceram, mostraram que o seu stoner rock está vivo e de que maneira. Com malhas como “Rational Woman”, “Chemical Lady” e “Dragonfly”, estes deram um concerto bastante enérgico e cheio de pujança.
Hora de jantar e somos confrontados com A Máquina. Os The Machine, depois de estarem com o resto dos festivaleiros na piscina a ver os concertos da tarde, tiveram de fazer um esforço e ir tocar. Quatro anos passaram desde a sua última vinda a Moledo. Desta vez, quem assistiu ao concerto teve a sorte de ouvir parte do tão famoso “Solar Corona”, uma obra-prima da banda e um dos álbuns mais aclamados do stoner rock/rock psicadélico. O concerto finalizou-se com “Moons Of Neptune” e deixou os espectadores em delírio com os prolongados e belos solos de guitarra cheios de fuzz.
O que dizer do que veio depois? Para muita gente, depois de The Machine, as quatro bandas que se seguiram foram talvez o melhor alinhamento que o SonicBlast alguma vez teve. Começando com Acid King, colosso do doom/stoner metal, comandados pela icónica Lori S. na guitarra e voz, deram um concerto monumental. Começou com “Drive Fast, Take Chances” e acabou com “Electric Machine” sempre a rasgar, tanto no baixo como na guitarra Não houve pausas nem tempo para brincadeiras. Acid King levaram o concerto a sério, e quem os ouviu só tem a agradecer.
Seguiu-se Colour Haze, outra banda com álbum lançado este ano (“In Her Garden”), e deram um concerto encantador. Todas as suas músicas ao vivo são de uma beleza transcendente. Mesmo não tocando o seu maior êxito, “Love”, deram uma tareia no público. Tocaram “Black Lilly” do novo álbum, “Aquamaria” e “Tempel”. Soube a pouco, pois a hora e meia que lhes foi dada passou em 5 minutos.
Para dar continuidade a este alinhamento, subiram ao palco os Orange Goblin, os maiores cabeças de cartaz do festival. Depois de tanto tempo à espera deles, foi apenas felicidade o que o público pôde exprimir. Com o seu heavy metal inconfundível e com êxitos como “Heavy Lies The Crown” e “Quincy The Pigboy”, mais parecia que uma bomba tinha explodido em Moledo. Era visível o entusiasmo não só de quem ouvia mas também dos elementos que ali estavam a tocar e a dar o seu melhor.
Pondo fim a toda esta carnificina, atuaram os Dead Witches, com o seu doom maciço e lento e com uma espécie de dança do varão por parte da vocalista, Virginia Monti, dando o término ao festival.
Quem foi a esta edição do SonicBlast Moledo viu o potencial que este tem e a evolução drástica que sofreu. Neste momento, é sem dúvida a capital nacional do stoner rock. Quem esteve presente voltou para casa de coração cheio e com uma enorme vontade de regressar.