Spiralist é a one-man band de Bruno Costa, formada para exorcizar demónios naquilo que virá a ser “Nihilus”, o álbum de estreia a ser lançado em maio. Misturando black, doom, hardcore, ambient e tudo o mais que contribua para nos puxar para o seu universo, Bruno não hesita em quebrar barreiras e convenções. Prova disso está nas suas escolhas para o Pódio, sendo o primeiro convidado a fazer batota e a incluir também um filme:
Tool - Lateralus (2001, Volcano)
Comecei o meu trajeto musical aos 7 anos, no piano, e aos 16 mudei para a guitarra. Portanto a minha vida sempre foi encaminhada para isto. Mas foi quando ouvi o "Lateralus", particularmente a faixa-título, que tive uma epifania. Lembro-me de sentar-me no meu antigo quarto com headphones na cabeça, pôr isto a tocar, e sentir que tinha tropeçado no Santo Graal. A música usa a espiral que é construída a partir da Sequência de Fibonacci para tecer uma metáfora sobre evolução e crescimento, e lembro-me de construir freneticamente em papel um plano para um suposto livro de poesia ou álbum conceptual chamado "Spiralism". Isto acabou por dar origem a Spiralist, sendo que há ainda mais significados para o nome. Mas voltando ao trabalho dos Tool, há algo de profundamente ritualístico, espiritual e catártico a acontecer nesse álbum que nunca mais encontrei noutro álbum. Foi absolutamente revolucionário para mim. O momento que separou o "antes" do "depois".
Comecei o meu trajeto musical aos 7 anos, no piano, e aos 16 mudei para a guitarra. Portanto a minha vida sempre foi encaminhada para isto. Mas foi quando ouvi o "Lateralus", particularmente a faixa-título, que tive uma epifania. Lembro-me de sentar-me no meu antigo quarto com headphones na cabeça, pôr isto a tocar, e sentir que tinha tropeçado no Santo Graal. A música usa a espiral que é construída a partir da Sequência de Fibonacci para tecer uma metáfora sobre evolução e crescimento, e lembro-me de construir freneticamente em papel um plano para um suposto livro de poesia ou álbum conceptual chamado "Spiralism". Isto acabou por dar origem a Spiralist, sendo que há ainda mais significados para o nome. Mas voltando ao trabalho dos Tool, há algo de profundamente ritualístico, espiritual e catártico a acontecer nesse álbum que nunca mais encontrei noutro álbum. Foi absolutamente revolucionário para mim. O momento que separou o "antes" do "depois".
Pink Floyd - Live at Pompeii (1972, Universal)
Sim, é uma espécie de batotice, mas tinha de mencionar isto aqui. Vi-o, pouco depois de abraçar em pleno o "Lateralus", em casa de um familiar e olho para este documento como um "gold standard" do que é a liberdade artística. Vale tudo com os Pink Floyd, e nesta fase eles não estabeleciam limites nenhuns para o que era permitido na música deles, o que pessoalmente me fazia sentir que se eles podiam, também eu poderia. Eu considero que tanto este como o álbum acima são os momentos que me "formaram" oficialmente, fazendo com que tudo o que eu tinha ouvido e feito anteriormente tivesse passado a ser puramente background desnecessário. Ainda hoje penso nestes dois trabalhos se a questão "E agora?" me ocorrer. Devo-lhes muito.
Sim, é uma espécie de batotice, mas tinha de mencionar isto aqui. Vi-o, pouco depois de abraçar em pleno o "Lateralus", em casa de um familiar e olho para este documento como um "gold standard" do que é a liberdade artística. Vale tudo com os Pink Floyd, e nesta fase eles não estabeleciam limites nenhuns para o que era permitido na música deles, o que pessoalmente me fazia sentir que se eles podiam, também eu poderia. Eu considero que tanto este como o álbum acima são os momentos que me "formaram" oficialmente, fazendo com que tudo o que eu tinha ouvido e feito anteriormente tivesse passado a ser puramente background desnecessário. Ainda hoje penso nestes dois trabalhos se a questão "E agora?" me ocorrer. Devo-lhes muito.
Code Orange - Forever (2017, Roadrunner Records)
Acho que o tempo ensina que a vida de um músico não é só feita de criatividade: a grande maioria é uma questão de trabalho puro e duro. Quando comecei a entrar no hardcore (graças a bandas como Converge e The Dillinger Escape Plan, que muito bem podiam ter aparecido aqui) apaixonei-me brutalmente pelo "modus operandi" DIY da cena e vários ideais da mesma (sou e sempre fui "Straight Edge", por exemplo). Onde entram os Code Orange no meio disto tudo? Bom, para além de terem lançado o meu álbum favorito do ano passado e serem para mim a banda mais entusiasmante da actualidade, o que os coloca nesta lista é tanto a paixão que claramente têm pelo que fazem como assumirem que isto é a vida deles e o interesse maior deles. Não há bullshit. São ambiciosos e extremamente trabalhadores, algo que eu admiro profundamente. Revejo-me muito neles e na música deles, e sinto que deviam ser um exemplo a seguir para toda a gente. Não necessariamente musicalmente, mas no que toca à atitude que deve ser levada quando te inseres numa área que dizes significar tudo para ti. Se acordas de manhã a pensar em música, te deitas a pensar em música e pelo meio do dia respiras música, não sejas a pessoa que é demasiado fixe para admitir o quanto o seu trabalho significa para si. Se és músico e estás a dar tudo de ti em cada trabalho que fazes, carrega esse trabalho orgulhosamente como um emblema no peito. Ninguém o fará por ti e, afinal de contas, é o teu legado.
Acho que o tempo ensina que a vida de um músico não é só feita de criatividade: a grande maioria é uma questão de trabalho puro e duro. Quando comecei a entrar no hardcore (graças a bandas como Converge e The Dillinger Escape Plan, que muito bem podiam ter aparecido aqui) apaixonei-me brutalmente pelo "modus operandi" DIY da cena e vários ideais da mesma (sou e sempre fui "Straight Edge", por exemplo). Onde entram os Code Orange no meio disto tudo? Bom, para além de terem lançado o meu álbum favorito do ano passado e serem para mim a banda mais entusiasmante da actualidade, o que os coloca nesta lista é tanto a paixão que claramente têm pelo que fazem como assumirem que isto é a vida deles e o interesse maior deles. Não há bullshit. São ambiciosos e extremamente trabalhadores, algo que eu admiro profundamente. Revejo-me muito neles e na música deles, e sinto que deviam ser um exemplo a seguir para toda a gente. Não necessariamente musicalmente, mas no que toca à atitude que deve ser levada quando te inseres numa área que dizes significar tudo para ti. Se acordas de manhã a pensar em música, te deitas a pensar em música e pelo meio do dia respiras música, não sejas a pessoa que é demasiado fixe para admitir o quanto o seu trabalho significa para si. Se és músico e estás a dar tudo de ti em cada trabalho que fazes, carrega esse trabalho orgulhosamente como um emblema no peito. Ninguém o fará por ti e, afinal de contas, é o teu legado.