O vocalista Miguel Newton escolhe os três discos que definiram o seu percurso musical.
Ramones - Rocket to Russia (1977, Sire Records)
Foi o primeiro disco punk que comprei e ainda o tenho, claro que já bastante gasto de tanta audição. Não cansa, não soa a datado e cai sempre bem com um medronho caseiro. Os Ramones fizeram-me acreditar que isto de fazer música é fácil e bastante divertido. Que se consegue falar de coisas sérias a brincar e isso foi-me fundamental quando comecei a escrever letras para Mata-Ratos: simplicidade, sarcasmo q.b. e ir direto ao assunto. Tive a felicidade de os ver ao vivo no Pavilhão do Dramático de Cascais em Setembro de 1980. Como se diz na Beira: «Que riqueza!». Podem crer que foram os 400 "parrecos" mais bem gastos da minha vida e com 14 anos não podia pedir melhor.
Foi o primeiro disco punk que comprei e ainda o tenho, claro que já bastante gasto de tanta audição. Não cansa, não soa a datado e cai sempre bem com um medronho caseiro. Os Ramones fizeram-me acreditar que isto de fazer música é fácil e bastante divertido. Que se consegue falar de coisas sérias a brincar e isso foi-me fundamental quando comecei a escrever letras para Mata-Ratos: simplicidade, sarcasmo q.b. e ir direto ao assunto. Tive a felicidade de os ver ao vivo no Pavilhão do Dramático de Cascais em Setembro de 1980. Como se diz na Beira: «Que riqueza!». Podem crer que foram os 400 "parrecos" mais bem gastos da minha vida e com 14 anos não podia pedir melhor.
Xutos & Pontapés - 78/82 (1982, El Tatu)
Ainda hesitei entre a escolha deste disco e o single "Cavalos de Corrida" (1980) dos UHF. Os UHF foram a primeira banda rock portuguesa que vi ao vivo no Liceu de Oeiras e isso teve para mim grande impacto. Mas este álbum dos Xutos marcou-me mais no que respeita a Mata-Ratos pois permitiu-me constatar não só que o punk cantado em português funcionava como se podia chocar e enervar mais facilmente os que nos rodeiam cantando numa língua que é a nossa. O disco obviamente que me causou problemas em casa, acabando por ser confiscado. Ouvir temas como o “Mãe", Avé Maria" ou “"Sémen" quando se tem 14 ou 15 anos e se vive no seio de uma família conservadora e católica, posso vos garantir, não é coisa fácil. Para os meus pais pareceu-lhes que o filho estava perdido e tinham razão. O disco já não o tenho, deve ter ido para o lixo ou para a fogueira da inquisição…
Ainda hesitei entre a escolha deste disco e o single "Cavalos de Corrida" (1980) dos UHF. Os UHF foram a primeira banda rock portuguesa que vi ao vivo no Liceu de Oeiras e isso teve para mim grande impacto. Mas este álbum dos Xutos marcou-me mais no que respeita a Mata-Ratos pois permitiu-me constatar não só que o punk cantado em português funcionava como se podia chocar e enervar mais facilmente os que nos rodeiam cantando numa língua que é a nossa. O disco obviamente que me causou problemas em casa, acabando por ser confiscado. Ouvir temas como o “Mãe", Avé Maria" ou “"Sémen" quando se tem 14 ou 15 anos e se vive no seio de uma família conservadora e católica, posso vos garantir, não é coisa fácil. Para os meus pais pareceu-lhes que o filho estava perdido e tinham razão. O disco já não o tenho, deve ter ido para o lixo ou para a fogueira da inquisição…
Sham 69 - The First, the Best and the Last (1980, UK, Polydor))
Este disco foi-me vendido, em segunda mão, por alguém dos Mata-Ratos. Creio que pelo baterista Jô (Jorge Cristina) e terá sido, salvo erro, por volta de 1983. Também ainda o tenho e com desgaste bastante acentuado. É uma compilação, lançada quando os Sham 69 já tinham arrumado as botas. Foi o meu primeiro contacto com realidades (ou dimensões) ligadas ao punk que até ai desconhecia: música oi!, streetpunk e skinhead. É um som de rua, mais combativo e a atitude é mais confrontativa ou conflituosa. Este disco é só hinos de rua e teve enorme influência no som e nas letras de Mata-Ratos. Não me consigo cansar de o escutar e dá sempre vontade de começar a saltar e a berrar que nem um desalmado. Tem todos os ingredientes para exorcizar os demónios que a vida contemporânea acumula dentro deste nosso saco de ossos.
Este disco foi-me vendido, em segunda mão, por alguém dos Mata-Ratos. Creio que pelo baterista Jô (Jorge Cristina) e terá sido, salvo erro, por volta de 1983. Também ainda o tenho e com desgaste bastante acentuado. É uma compilação, lançada quando os Sham 69 já tinham arrumado as botas. Foi o meu primeiro contacto com realidades (ou dimensões) ligadas ao punk que até ai desconhecia: música oi!, streetpunk e skinhead. É um som de rua, mais combativo e a atitude é mais confrontativa ou conflituosa. Este disco é só hinos de rua e teve enorme influência no som e nas letras de Mata-Ratos. Não me consigo cansar de o escutar e dá sempre vontade de começar a saltar e a berrar que nem um desalmado. Tem todos os ingredientes para exorcizar os demónios que a vida contemporânea acumula dentro deste nosso saco de ossos.