"Houve quem dissesse que o nosso som já estava ultrapassado e fora de moda, mas mantive-me fiel aos meus princípios."
Entrevista por: Lisandro Jesus
Entrevista por: Lisandro Jesus
Tann, para iniciar a nossa conversa, tenho que te perguntar o inevitável. Como foi a experiência de teres tocado com os teus ídolos Manilla Road no nosso País e já agora, como foi a cena dos Ironsword terem tocado pela primeira vez na Invicta?
Como deves calcular, não tenho palavras… não é segredo para ninguém, todos sabem que Manilla Road são a maior influência e inspiração para mim! Mesmo que digam que Ironsword são demasiado colados a Manilla Road, isso para mim é o maior dos elogios! Até o próprio Mark Shelton deu a sua “benção” e apadrinhou os Ironsword. Olha, eu conheci pessoalmente o Mark Shelton em 2002, quando eles foram tocar à Grécia e desde então temos mantido algum contacto regular. O Mark Shelton já tinha feito guest vocals no nosso álbum “Overlords of Chaos”, Ironsword já tinha tocado com os Manilla Road em 2004 na Alemanha no festival Keep It True, depois tocámos em Itália com eles umas semanas antes das datas do Porto e Lisboa. Foi uma experiência única e mais um sonho tornado realidade! Eles são um exemplo, quer na sua humilde e genuína postura e atitude perante a música bem como na sua relação com os fãs e as outras bandas. Porto foi fantástico, tivemos um forte apoio, uma recepção calorosa; finalmente, após 20 anos, a nossa primeira vez na cidade invicta e estamos ansiosos por regressar. Pareceu-me terem uma cena unida, ao mesmo tempo descomprometida, e boas bandas de heavy metal.
O “None but the Brave” já fez um ano, desde que foi lançado. Podes fazer um balanço do disco?
Até ao momento o feedback tem sido fantástico e creio que ultrapassou todas as nossas expectativas. Tivemos criticas muito boas, foi um disco muito bem recebido e que até foi considerado como um dos melhores lançamentos de 2015 e alguns até afirmaram que era o nosso melhor álbum.
Pessoalmente, fiquei muito satisfeito com o resultado final, o engenheiro de som conseguiu captar exactamente aquilo que eu tinha em mente para este disco. Comecei a escrever as músicas para o “None But the Brave” ainda estava em fase de misturas e masterização do “Overlords of Chaos”, portanto em 2008. Era um disco que eu queria fazer já há muito tempo, algo mais direto e cru que o disco anterior.
Claro que para muitos o álbum de eleição é o “Return of the Warrior”, para outros é o “Overlords of Chaos”, mas de uma forma geral, todos gostaram do “None But the Brave”.
Vocês não inovam o vosso som, mas sim catapultam e mantêm a chama das essências e influências principais de Ironsword. Isto é um modo de vida? O heavy dos anos 80?
Sim, para mim é um estilo de vida. Eu cresci a ouvir heavy metal nos anos 80 e teve um forte impacto. Por isso considero natural e que faça sentido para mim que a sonoridade de Ironsword seja um reflexo dessas vivências. No inicio houve quem dissesse que o nosso som já estava ultrapassado e fora de moda, mas mantive-me fiel aos meus princípios. Eu por exemplo não gosto de heavy metal com uma produção e sonoridade mais moderna, peço desculpa mas não me diz nada. Com isso, também não quero dizer que o verdadeiro heavy metal apenas foi feito nos anos 80, felizmente existem muitas bandas novas que conseguem transmitir e captar esse feeling e essência. São gostos musicais e tem de haver respeito. O que vais dizer a alguém de uma determinada geração que afirma que a única música de qualidade foi feita pelos Beatles ou Rolling Stones?
Tu trabalhaste em várias bandas e projetos, mas aquele que salta logo à vista é o “Wolfheart” de Moonspell. Ainda hoje és visto como o guitarrista de um álbum que fez sucesso além fronteiras?
Como é óbvio, sou mais visto como o fundador dos Ironsword, embora, na verdade sou constantemente abordado por ter sido guitarrista de Moonspell e gravado o “Under the Moonspell” e o “Wolfheart”, que é o disco de referência para todos. Tenho histórias engraçadas, por exemplo quando Ironsword vai tocar lá fora, algumas pessoas perguntam-me se eu conheço Moonspell, ou que infelizmente de Portugal apenas conhecem Moonspell e pouco mais, e há sempre alguém que acaba por revelar que eu toquei com eles. Ficam surpreendidos e imediatamente isso dá logo direito a foto e autógrafos. Já tive pessoal com o “Wolfheart” na mão em concertos de Ironsword para eu depois assinar!
Tann, como última pergunta, gostava que me dissesses como vês o atual panorama do Heavy Metal em Portugal.
Olha, muito sinceramente acho que o panorama nacional underground tem progredido lentamente, noto nitidamente nestes últimos anos um crescimento do panorama, pelo menos em relação ao heavy metal mais tradicional, e espero que esteja no bom caminho. Alias, estou sempre à espera do momento em que haja a tal grande “explosão”, como está a acontecer agora com os Estados Unidos e que lá fora reconheçam finalmente o mérito e a qualidade peculiar das nossas bandas, dentro deste género.Hoje em dia, temos mais bandas com qualidade, mais apoiantes, mais concertos. Creio que faltam mais revistas e programas de rádio. Temos poucos, mas não chegam, embora seja melhor do que nada. A realidade é que Portugal é um país pequeno, confinado à sua posição geográfica, que nunca teve uma tradição em termos de lançamentos discográficos regulares, nós podemos contar com os dedos das mãos os discos de bandas de heavy metal nacionais que foram lançados nos anos 80, nem nunca tivemos um panorama popular comparado a outros países europeus, por exemplo do norte da Europa. Tudo o que vem desses Países, independentemente da qualidade, tem muito mais exposição do que uma banda vinda de Portugal.
Como deves calcular, não tenho palavras… não é segredo para ninguém, todos sabem que Manilla Road são a maior influência e inspiração para mim! Mesmo que digam que Ironsword são demasiado colados a Manilla Road, isso para mim é o maior dos elogios! Até o próprio Mark Shelton deu a sua “benção” e apadrinhou os Ironsword. Olha, eu conheci pessoalmente o Mark Shelton em 2002, quando eles foram tocar à Grécia e desde então temos mantido algum contacto regular. O Mark Shelton já tinha feito guest vocals no nosso álbum “Overlords of Chaos”, Ironsword já tinha tocado com os Manilla Road em 2004 na Alemanha no festival Keep It True, depois tocámos em Itália com eles umas semanas antes das datas do Porto e Lisboa. Foi uma experiência única e mais um sonho tornado realidade! Eles são um exemplo, quer na sua humilde e genuína postura e atitude perante a música bem como na sua relação com os fãs e as outras bandas. Porto foi fantástico, tivemos um forte apoio, uma recepção calorosa; finalmente, após 20 anos, a nossa primeira vez na cidade invicta e estamos ansiosos por regressar. Pareceu-me terem uma cena unida, ao mesmo tempo descomprometida, e boas bandas de heavy metal.
O “None but the Brave” já fez um ano, desde que foi lançado. Podes fazer um balanço do disco?
Até ao momento o feedback tem sido fantástico e creio que ultrapassou todas as nossas expectativas. Tivemos criticas muito boas, foi um disco muito bem recebido e que até foi considerado como um dos melhores lançamentos de 2015 e alguns até afirmaram que era o nosso melhor álbum.
Pessoalmente, fiquei muito satisfeito com o resultado final, o engenheiro de som conseguiu captar exactamente aquilo que eu tinha em mente para este disco. Comecei a escrever as músicas para o “None But the Brave” ainda estava em fase de misturas e masterização do “Overlords of Chaos”, portanto em 2008. Era um disco que eu queria fazer já há muito tempo, algo mais direto e cru que o disco anterior.
Claro que para muitos o álbum de eleição é o “Return of the Warrior”, para outros é o “Overlords of Chaos”, mas de uma forma geral, todos gostaram do “None But the Brave”.
Vocês não inovam o vosso som, mas sim catapultam e mantêm a chama das essências e influências principais de Ironsword. Isto é um modo de vida? O heavy dos anos 80?
Sim, para mim é um estilo de vida. Eu cresci a ouvir heavy metal nos anos 80 e teve um forte impacto. Por isso considero natural e que faça sentido para mim que a sonoridade de Ironsword seja um reflexo dessas vivências. No inicio houve quem dissesse que o nosso som já estava ultrapassado e fora de moda, mas mantive-me fiel aos meus princípios. Eu por exemplo não gosto de heavy metal com uma produção e sonoridade mais moderna, peço desculpa mas não me diz nada. Com isso, também não quero dizer que o verdadeiro heavy metal apenas foi feito nos anos 80, felizmente existem muitas bandas novas que conseguem transmitir e captar esse feeling e essência. São gostos musicais e tem de haver respeito. O que vais dizer a alguém de uma determinada geração que afirma que a única música de qualidade foi feita pelos Beatles ou Rolling Stones?
Tu trabalhaste em várias bandas e projetos, mas aquele que salta logo à vista é o “Wolfheart” de Moonspell. Ainda hoje és visto como o guitarrista de um álbum que fez sucesso além fronteiras?
Como é óbvio, sou mais visto como o fundador dos Ironsword, embora, na verdade sou constantemente abordado por ter sido guitarrista de Moonspell e gravado o “Under the Moonspell” e o “Wolfheart”, que é o disco de referência para todos. Tenho histórias engraçadas, por exemplo quando Ironsword vai tocar lá fora, algumas pessoas perguntam-me se eu conheço Moonspell, ou que infelizmente de Portugal apenas conhecem Moonspell e pouco mais, e há sempre alguém que acaba por revelar que eu toquei com eles. Ficam surpreendidos e imediatamente isso dá logo direito a foto e autógrafos. Já tive pessoal com o “Wolfheart” na mão em concertos de Ironsword para eu depois assinar!
Tann, como última pergunta, gostava que me dissesses como vês o atual panorama do Heavy Metal em Portugal.
Olha, muito sinceramente acho que o panorama nacional underground tem progredido lentamente, noto nitidamente nestes últimos anos um crescimento do panorama, pelo menos em relação ao heavy metal mais tradicional, e espero que esteja no bom caminho. Alias, estou sempre à espera do momento em que haja a tal grande “explosão”, como está a acontecer agora com os Estados Unidos e que lá fora reconheçam finalmente o mérito e a qualidade peculiar das nossas bandas, dentro deste género.Hoje em dia, temos mais bandas com qualidade, mais apoiantes, mais concertos. Creio que faltam mais revistas e programas de rádio. Temos poucos, mas não chegam, embora seja melhor do que nada. A realidade é que Portugal é um país pequeno, confinado à sua posição geográfica, que nunca teve uma tradição em termos de lançamentos discográficos regulares, nós podemos contar com os dedos das mãos os discos de bandas de heavy metal nacionais que foram lançados nos anos 80, nem nunca tivemos um panorama popular comparado a outros países europeus, por exemplo do norte da Europa. Tudo o que vem desses Países, independentemente da qualidade, tem muito mais exposição do que uma banda vinda de Portugal.