"O importante é o espírito, independentemente de se tocar rock, hard rock ou metal."
Entrevista por: Tomás Marques
Entrevista por: Tomás Marques
Já há mais de dez anos que o Moita Metal Fest prova ser "o" festival da região. Houve uma explosão de público desde 2012 e isso reflecte-se no cartaz, encabeçado pelos muito cobiçados Sodom e Napalm Death. Falámos com Hugo Andrade para conhecer um pouco melhor o festival e compreender a direção em que este poderá seguir.
Como é que surgiu a ideia de fazer o Moita Metal Fest?
Hugo Andrade - Tudo começou em 2004. Tínhamos a nossa banda, os Switchtense, há relativamente pouco tempo, por volta de 2 anos, e foi, basicamente, uma maneira de tocarmos na nossa terra. Era um projeto que surgiu de uma parceria entre a banda e a câmara municipal, no âmbito da quinzena da juventude em que a Câmara Municipal da Moita desafiava os jovens a apresentarem um projeto para se realizar nesses dias. O nosso foi realizar o Moita Metal Fest, uma noite com três bandas. Foi assim que começou e todos os anos acabávamos por realizá-lo. Já tivemos vários formatos, desde só uma noite até passar por 2 dias. Depois aos poucos de ano para ano começámos a trazer bandas internacionais. Este ano já contamos com 14 edições consecutivas.
E o festival tem crescido imenso nestes últimos anos. Em 2013 tinham Bizarra Locomotiva e Simbiose como cabeça de cartaz e num espaço de 4 anos tem duas lendas do metal como são os Sodom e os Napalm Death.
Nestes últimos anos 4/5 anos (desde 2012) o festival tem crescido em vários aspectos, nomeadamente a nível de público. Chegou a altura em que já fidelizámos algumas pessoas que acabam sempre por vir independentemente do cartaz. Já sabem que tentamos sempre por trazer o melhor possível e por melhorar.
Esse “público fiel” vê-se no facto de terem mais gente a ver MTAT em 2015 que Entombed A.D no ano passado.
É verdade, tivemos mais gente. Às vezes isso das bandas internacionais também depende muito. Daí nasce o conceito do festival, que se foi desenvolvendo ao longo dos anos e que se reflete na escolha do cartaz, ou seja, ter maioritariamente bandas portuguesas e depois trazer sempre 2/3 nomes internacionais, quanto mais fortes forem esses nomes melhor. E ao fim e ao cabo há bandas internacionais que comparando com bandas portuguesas acabam por não trazer tanto público. Por isso é importante escolher bandas que sejam mesmo mais-valias e que tragam mais gente ao festival.
Qual é o critério para a escolha das bandas?
Para bandas internacionais, tentar reunir nomes que sejam consagrados, nomes clássicos que seja mais-valias e apostas seguras e que nos ajudem a pagar o cartaz. Porque para um evento destes acaba por ser necessário um investimento considerável. Depois importa também as bandas que realmente estão atividade e que, ano após ano, lançam discos, que estão realmente no ativo. Outras bandas acabam por ser através amigos nossos que fomos conhecendo ao longos dos anos e que, felizmente, nos permitem ter uma boa relação e um “à vontade” com muitas bandas o que proporcionar a escolha de bandas que estão no ativo e que são mais-valias para o evento. Depois tentamos também trazer algumas bandas que estejam fora do espetro metal [como é o caso dos The Zanibar Aliens ou do Fast Eddie Nelson este ano]. Exatamente essas duas bandas e os Crise Total uma cena mais punk. Tentamos sempre trazer bandas de punk e rock que acabam por se enquadrar no espírito do festival que tem a música como um elo de ligação entre todos os estilos.
E é daí que nasce o espírito do festival?
Eu acho que sim. Ao longo das últimas edições temos feito essas “experiências”, no ano passado tivemos, por exemplo, os Parkinsons, numa onda mais rock selvagem e que foram um sucesso, toda a gente gostou do concerto, foi uma festa enorme. Eu acho que o importante é esse espírito independentemente de se tocar rock, hard rock ou metal.
Até agora qual é para ti o momento de maior orgulho?
O maior orgulho é fazer isto ao longo destes anos todos e conseguir fazer todos os anos um bocadinho melhor do que anterior. Também o facto de ao longo destes últimos tempos termos conseguido trazer mais gente à nossa terra. Este crescimento permitiu que o festival tenha adquirido um novo formato, vai crescer de uma sala indoor para uma tenda instalada na zona do mercado municipal, uma zona que nos permite ter mais infraestruturas: esplanadas, merchandise, zona de restauração mais ampliadas [onde não faltará o choco frito] e um palco maior. Todas estas coisas fazem parte do ambiente do festival pois permitirão criar condições ara se passar muitas horas no recinto, o que não acontecia na sala anterior, já que não tinha essas condições. Este é mais um motivo de “festa” para nós, era uma ideia que já tínhamos há alguns anos mas que ainda não tinha sido possível realizar, agora associada à hipótese de conseguir ter aqui estes dois nomes gigantes acho que faz todo o sentido e era a altura ideal para esta mudança.
Uma pergunta um bocado pessoal, qual foi o concerto de que mais gostaste?
Muito sinceramente, quase não vejo os concertos inteiros, é mesmo muito raro. Mas vou dizer que gostei muito do concerto dos Dew-Scented em 2010, uma banda que gosto muito e que foi fantástico na altura trazê-los. Ver as bandas portuguesas mais novas com muito público a assistir é também fantástico. É habitual o público chegar cedo e compor logo uma boa moldura humana. Não consigo escolher um concerto apenas, acaba por ser transversal, todos os anos é diferente e acabam por haver concertos que mais tarde vais relembrar.
Tencionas continuar com este formato no futuro?
Claro. A ideia é continuar agora com este formato novo do festival, este é uma espécie de “ano 0” e sabemos que as coisas não vão correr todas perfeitas, mas isso é normal. Vamos ter de nos adaptar ao sítio novo mas certamente vai correr tudo para melhor. O futuro passa por consolidar o festival no panorama, tentar trazer mais nomes internacionais de peso e, ao mesmo tempo, tentar para o próximo ano realizar o festival com dois palcos de forma a conseguir convidar mais bandas e, assim, conseguir uma maior diversidade no cartaz, tanto a nível de estilos como a nível de quantidade de bandas.
Tem apostado em bandas que não tocam cá muito regularmente, como é o caso dos Sodom que mais recentemente contam apenas com passagens por Corroios em 2007 e por Barroselas em 2009.
Os Sodom são uma banda que já estávamos a tentar trazer há 2 anos, mas nunca tínhamos conseguido encaixar as nossas as datas com as da banda, este ano calhou bem e ainda por cima com um disco novo.
Sentes que agora é mais fácil trazer as bandas?
Sim, ajuda muito de ano para ano enriquecer o historial do festival com estes nomes. Acaba por ser mais fácil pois as bandas possuem boas referências do festival. Embora muitas vezes seja complicado chegar até ao contacto com algumas bandas, visto que o festival não é nada de muito conhecido internacionalmente e às vezes nem obtemos respostas das bandas. Mas vamos fazendo as coisas devagar, de ano para ano, há 5 anos também ninguém diria que tínhamos aqui os Napalm Death ou os Sodom. Daqui a 5 anos não sabemos o que poderá acontecer. Temos todas as condições para fazer sempre melhor.
Para terminar, qual é a banda que sonhas trazer à Moita?
Eu costumo dizer que em qualquer cartaz que fizesse colocaria todos os anos os Suicidal Tendencies. São uma banda que adoro e acho que transportam um espirito que é transversal ao pessoal do hardcore, metal, punk. Todos eles gostam de Suicidal ou, pelo menos, em alguma parte da vida ouviram isso com alguma insistência. É uma banda que eu adorava mesmo ter um dia no festival.
Como é que surgiu a ideia de fazer o Moita Metal Fest?
Hugo Andrade - Tudo começou em 2004. Tínhamos a nossa banda, os Switchtense, há relativamente pouco tempo, por volta de 2 anos, e foi, basicamente, uma maneira de tocarmos na nossa terra. Era um projeto que surgiu de uma parceria entre a banda e a câmara municipal, no âmbito da quinzena da juventude em que a Câmara Municipal da Moita desafiava os jovens a apresentarem um projeto para se realizar nesses dias. O nosso foi realizar o Moita Metal Fest, uma noite com três bandas. Foi assim que começou e todos os anos acabávamos por realizá-lo. Já tivemos vários formatos, desde só uma noite até passar por 2 dias. Depois aos poucos de ano para ano começámos a trazer bandas internacionais. Este ano já contamos com 14 edições consecutivas.
E o festival tem crescido imenso nestes últimos anos. Em 2013 tinham Bizarra Locomotiva e Simbiose como cabeça de cartaz e num espaço de 4 anos tem duas lendas do metal como são os Sodom e os Napalm Death.
Nestes últimos anos 4/5 anos (desde 2012) o festival tem crescido em vários aspectos, nomeadamente a nível de público. Chegou a altura em que já fidelizámos algumas pessoas que acabam sempre por vir independentemente do cartaz. Já sabem que tentamos sempre por trazer o melhor possível e por melhorar.
Esse “público fiel” vê-se no facto de terem mais gente a ver MTAT em 2015 que Entombed A.D no ano passado.
É verdade, tivemos mais gente. Às vezes isso das bandas internacionais também depende muito. Daí nasce o conceito do festival, que se foi desenvolvendo ao longo dos anos e que se reflete na escolha do cartaz, ou seja, ter maioritariamente bandas portuguesas e depois trazer sempre 2/3 nomes internacionais, quanto mais fortes forem esses nomes melhor. E ao fim e ao cabo há bandas internacionais que comparando com bandas portuguesas acabam por não trazer tanto público. Por isso é importante escolher bandas que sejam mesmo mais-valias e que tragam mais gente ao festival.
Qual é o critério para a escolha das bandas?
Para bandas internacionais, tentar reunir nomes que sejam consagrados, nomes clássicos que seja mais-valias e apostas seguras e que nos ajudem a pagar o cartaz. Porque para um evento destes acaba por ser necessário um investimento considerável. Depois importa também as bandas que realmente estão atividade e que, ano após ano, lançam discos, que estão realmente no ativo. Outras bandas acabam por ser através amigos nossos que fomos conhecendo ao longos dos anos e que, felizmente, nos permitem ter uma boa relação e um “à vontade” com muitas bandas o que proporcionar a escolha de bandas que estão no ativo e que são mais-valias para o evento. Depois tentamos também trazer algumas bandas que estejam fora do espetro metal [como é o caso dos The Zanibar Aliens ou do Fast Eddie Nelson este ano]. Exatamente essas duas bandas e os Crise Total uma cena mais punk. Tentamos sempre trazer bandas de punk e rock que acabam por se enquadrar no espírito do festival que tem a música como um elo de ligação entre todos os estilos.
E é daí que nasce o espírito do festival?
Eu acho que sim. Ao longo das últimas edições temos feito essas “experiências”, no ano passado tivemos, por exemplo, os Parkinsons, numa onda mais rock selvagem e que foram um sucesso, toda a gente gostou do concerto, foi uma festa enorme. Eu acho que o importante é esse espírito independentemente de se tocar rock, hard rock ou metal.
Até agora qual é para ti o momento de maior orgulho?
O maior orgulho é fazer isto ao longo destes anos todos e conseguir fazer todos os anos um bocadinho melhor do que anterior. Também o facto de ao longo destes últimos tempos termos conseguido trazer mais gente à nossa terra. Este crescimento permitiu que o festival tenha adquirido um novo formato, vai crescer de uma sala indoor para uma tenda instalada na zona do mercado municipal, uma zona que nos permite ter mais infraestruturas: esplanadas, merchandise, zona de restauração mais ampliadas [onde não faltará o choco frito] e um palco maior. Todas estas coisas fazem parte do ambiente do festival pois permitirão criar condições ara se passar muitas horas no recinto, o que não acontecia na sala anterior, já que não tinha essas condições. Este é mais um motivo de “festa” para nós, era uma ideia que já tínhamos há alguns anos mas que ainda não tinha sido possível realizar, agora associada à hipótese de conseguir ter aqui estes dois nomes gigantes acho que faz todo o sentido e era a altura ideal para esta mudança.
Uma pergunta um bocado pessoal, qual foi o concerto de que mais gostaste?
Muito sinceramente, quase não vejo os concertos inteiros, é mesmo muito raro. Mas vou dizer que gostei muito do concerto dos Dew-Scented em 2010, uma banda que gosto muito e que foi fantástico na altura trazê-los. Ver as bandas portuguesas mais novas com muito público a assistir é também fantástico. É habitual o público chegar cedo e compor logo uma boa moldura humana. Não consigo escolher um concerto apenas, acaba por ser transversal, todos os anos é diferente e acabam por haver concertos que mais tarde vais relembrar.
Tencionas continuar com este formato no futuro?
Claro. A ideia é continuar agora com este formato novo do festival, este é uma espécie de “ano 0” e sabemos que as coisas não vão correr todas perfeitas, mas isso é normal. Vamos ter de nos adaptar ao sítio novo mas certamente vai correr tudo para melhor. O futuro passa por consolidar o festival no panorama, tentar trazer mais nomes internacionais de peso e, ao mesmo tempo, tentar para o próximo ano realizar o festival com dois palcos de forma a conseguir convidar mais bandas e, assim, conseguir uma maior diversidade no cartaz, tanto a nível de estilos como a nível de quantidade de bandas.
Tem apostado em bandas que não tocam cá muito regularmente, como é o caso dos Sodom que mais recentemente contam apenas com passagens por Corroios em 2007 e por Barroselas em 2009.
Os Sodom são uma banda que já estávamos a tentar trazer há 2 anos, mas nunca tínhamos conseguido encaixar as nossas as datas com as da banda, este ano calhou bem e ainda por cima com um disco novo.
Sentes que agora é mais fácil trazer as bandas?
Sim, ajuda muito de ano para ano enriquecer o historial do festival com estes nomes. Acaba por ser mais fácil pois as bandas possuem boas referências do festival. Embora muitas vezes seja complicado chegar até ao contacto com algumas bandas, visto que o festival não é nada de muito conhecido internacionalmente e às vezes nem obtemos respostas das bandas. Mas vamos fazendo as coisas devagar, de ano para ano, há 5 anos também ninguém diria que tínhamos aqui os Napalm Death ou os Sodom. Daqui a 5 anos não sabemos o que poderá acontecer. Temos todas as condições para fazer sempre melhor.
Para terminar, qual é a banda que sonhas trazer à Moita?
Eu costumo dizer que em qualquer cartaz que fizesse colocaria todos os anos os Suicidal Tendencies. São uma banda que adoro e acho que transportam um espirito que é transversal ao pessoal do hardcore, metal, punk. Todos eles gostam de Suicidal ou, pelo menos, em alguma parte da vida ouviram isso com alguma insistência. É uma banda que eu adorava mesmo ter um dia no festival.