Texto: Joana Ribeiro
Fotos: Daniel Sampaio
Voltar a passear pelo recinto sobe ainda mais as expectativas do recém-chegado a esta vigésima edição. Só queremos que os concertos comecem, estamos ansiosos por ver “aquela” banda, por saber que surpresas este ano tem reservadas para nós e, quem sabe, ir aterrar num karaoke embriagado às 4 e tal da manhã.
Seguiram-se os Toxikull, heavy metal bem à antiga que certamente terá agradado a todos, independentemente do seu gosto ser mais ou menos clássico. Surgiram todos cabeleiras esvoaçantes e ganas de estar em cima do palco, brindando-nos com os tradicionais falsettos e solos de guitarra intermináveis, não parecendo afectados pelos problemas de som que se fizeram sentir.
Arriscamos dizer que os Analepsy seriam a banda portuguesa mais aguardada da noite. Com o primeiro álbum lançado no início deste ano e um hype intenso a fazer-se sentir desde então, gozam de uma fama bastante admirável no underground português. A melodia não é para aqui chamada: o seu som foi o mais bruto, imperceptível e demolidor que passou por este palco no dia 0. Ainda que a fórmula típica do brutal death metal deixe pouco espaço à inovação, tem de se reconhecer que estes rapazes a fazem funcionar. Se provas fossem precisas, foram a banda escolhida para actuar no Wacken.
Altura de regressar ao heavy metal estridente com os Deadlyforce. O seu som e postura em palco eram bem menos enérgicos do que o dos congéneres Toxikull, e o público tinha dispersado um pouco por esta altura, presumivelmente para recuperar da tareia que tinha levado com a banda anterior. Esses factores fizeram deste um concerto a meio gás, apesar dos esforços do vocalista. A multidão parecia impaciente por ver Test, duo de grind vindo do Brasil, terra que nos habituou demasiado bem no que toca a este género. Ainda que “grind progressivo” pareça em si mesmo um contrasenso, é um pouco o que nos vem à cabeça durante um concerto de Test. Sem nunca perder os seus alicerces na rapidez e crueza do grindcore, a banda escapa a uma estrutura rígida das músicas, brincando com os tempos e com transições, com suspenses e improvisos, incorporando elementos de diversos géneros e passando a ideia geral de que fazem o que bem querem e lhes apetece no palco com a maior fluidez. Quem vinha a pensar que ia assistir a “mais uma” banda de grind, depressa mudou de ideias. Assim se encerrou a primeira noite de actuações, num ambiente mais familiar, reforçando as expectativas quanto aos dias que se seguiam e também a certeza de que o Barroselas se compromete em tornar esta experiência memorável desde a primeira hora.