Texto: Tomás Marques
Fotos: Marta Louro
“Florida death metal”, era por isso que todos aguardavam. À hora marcada subiam ao palco os “rednecks”, bem apetrechados com uma geladeira regada com todo o tipo de álcool. Como é habitual, “Redneck Stomp”, ainda sem a presença do carismático John Tardy, abriu o concerto. Seguiu-se uma hora de death metal, durante a qual o mais velho dos irmãos Tardy devastou a multidão com o poder vocal do seu registo inconfundível enquanto o resto da banda interpretava na perfeição temas mais recentes como “Visions in my Head” ou clássicos como “Slowly We Rot” e “Chopped In Half”. Um som perfeito, a corresponder à categoria da música tocada: das mais rápidas às mais lentas, os Obituary “passearam” por toda a sua discografia sem nunca perder a “classe”.
De volta ao palco Loud, era a vez dos Grog, uma instituição do metal nacional. A apresentar o novo álbum “Ablutionary Rituals”, muito bem recebido pelo público, e com um som a roçar a perfeição os Grog deram, sem dúvida, o melhor concerto dos três dias no palco secundário, criando as maiores movimentações junto ao mesmo. Grindcore da velha guarda que certamente moeu todos os presentes. Sem dúvida umas das mais brilhantes pérolas do underground nacional.
A digressão de despedida dos The Dillinger Escape Plan passou por Corroios. A fama das suas atuações ao vivo não deixa ninguém indiferente e, por isso, a hora do concerto era aguardada com muita ansiedade. Todos já vimos vídeos da loucura que se apodera da banda e da audiência durante os seus concertos – Portugal não foi exceção. O seu som especial não é fácil de descrever, pois mistura influências de rock progressivo, hardcore e até jazz. A agressividade em palco dos vários membros da banda (com destaque para Greg Puciato) provoca um efeito semelhante no público que parece transportado para outra dimensão. Temas como “Surrogate” e “Limerent Death” tornam esta experiência, que terminou com Puciato a atirar ferozmente pratos da bateria para o público, ainda mais especial. É pena estar para breve o fim desta fantástica banda.
O círculo chegou ao VOA nesta última noite de concertos para arrebatar o palco Loud, provando mais uma vez que todo o “hype” à sua volta é justificado. O ambiente sombrio criado pelo fogo no palco e pelas vestes dos elementos da banda acentuam ainda mais a brutalidade do seu som. Com um álbum de estreia, certamente, a concorrer a melhor lançamento nacional do ano (“Appaling Ascension”), The Ominous Circle esmagaram por completo a vasta plateia que assistiu ao seu concerto. O palco secundário quase sempre com muito gente a assistir aos concertos revelou-se uma aposta ganha, abrindo os horizontes a muitos dos presentes que conheceram bandas que talvez de outra forma não os atrairiam.
O encerramento do festival ficou a carga da banda mais aguardada de toda esta edição – algo facilmente comprovado ao verificar a maior enchente dos três dias. Os Trivium são umas das maiores bandas da nova geração de metal americano e, longe de convencer todo o mundo do metal, a curiosidade em relação ao concerto era grande. Um espetáculo muito bem conseguido que certamente agradou aos seus seguidores mas que não foi o suficiente para cativar novos fãs. O som por vezes demasiado alto não permitia apreciar na sua plenitude as belas melodias ou os poderosos riffs que acompanharam temas como “Dying in Your Arms” ou “Built to Fall”. No entanto, tendo sempre uma postura humilde e interagindo com os fãs, a banda foi bem recebida durante uma sólida atuação que fechou com “In Waves” esta segunda edição do VOA Fest.