Texto: Tomás Marques
Fotos: Marta Louro
O enorme concerto de Death Angel foi literalmente uma lição de “how to thrash” diretamente da Bay Area, a casa do género.. Prestação incrível de Mark Osegueda, quer a nível vocal, quer a puxar pelo publico rendido à banda. Uma atuação com enfoque no último álbum, “The Evil Divide”, mas que deixou tempo para canções clássicas como “Kill As One”, do distante ano de 1985, que levaram a plateia, bem composta, a responder aos variados convites da banda para cada vez mais movimentações no pit. Sem nunca terem adquirido o destaque de muitas bandas da mesma geração, os Death Angel demonstraram que merecem um lugar na história do thrash metal, junto a bandas como Testament ou Exodus.
Após a atuação de Cruz de Ferro, que trouxe ao VOA o seu heavy metal épico que narra de peito bem aberto a glória da história lusitana, chegava a vez de Cronos e companhia. Por muitos considerados os principais impulsionadores do que viria a ser o black metal, os Venom deram um concerto muito aquém das expetativas, começando logo pelo som bastante fraco (caso raro num festival que ao longo dos três dias apresentou um som de grande qualidade). A voz de Cronos parecia não entrelaçar bem com o resto da banda e a guitarra exibia um som “frágil”. Não se tratassem dos Venom e o concerto teria sido um fracasso, mas quando se apresentam temas como “Black Metal” ou “Welcome to Hell” a reação do público é sempre positiva. Cronos não resistiu em deixar uma dica aos antigos companheiros dizendo que a sua banda se tratava dos “one and only Venom”, mas ninguém diria depois do fantástico concerto que os “outros” Venom deram este ano em Barroselas.
Os Rasgo foram os escolhidos para encerrar o palco secundário neste segundo dia do festival. E este encerramento foi de facto a rasgar, com um som direto, rápido e cantado em português. Temas como “Ergue a Foice” ou “Ecos da Selva Urbana” justificam o interesse que se tem gerado à volta desta banda cujo álbum de estreia sairá ainda este ano.
Às 23:00 subiam ao palco uma das apostas mais arriscadas do cartaz deste ano, por todo o recinto se escutavam alguns comentários de desconfiança em relação aos finlandeses. Apesar disso o que certamente não falta a esta banda são provas da sua qualidade, contando com mais de 20 anos de carreira, vários álbuns entre covers e originais e concertos nos maiores palcos da Europa. Os Apocalyptica foram-se renovando ao longo dos últimos anos, introduzindo na sua música bateria e até voz. A digressão que trouxe os “4 cellos” a Portugal foi a de celebração dos 20 anos do icónico álbum de homenagem a Metallica e isso revelou-se um fator positivo. Antes de iniciar o concerto Eicca Toppinem pediu ao público que tomasse o lugar de James Hetfield e servisse de voz às canções: e assim foi. Clássico atrás de clássico, o entusiasmo do público que cantava bem alto músicas como “Creeping Death” ou “Escape” era evidente. De referir a espetacularidade e a forma como aqueles 4 músicos tratam os seus instrumentos fazendo parecer a sua execução a tarefa mais simples do mundo: o modo como o dificílimo solo de “One” foi interpretado ou a velocidade alucinante a que tocaram “Battery” deixa qualquer um de boca aberta. Sem dúvida uma aposta certeira que resultou num dos melhores concertos desta edição do festival.