Texto: Tomás Marques
Fotos: Daniel Sampaio
Não poderiam ter feiro melhor escolha para a abertura da noite: o álbum que lançou os Moonspell para as bocas do metal europeu, o “Wolfheart”. Com uma lua cheia como plano de fundo, o concerto abriu com “Wolfshade” que deu o mote para uma noite fantástica “abençoada” pelo feitiço da lua. O facto de o álbum ser tocado na sua íntegra deu aos fãs a oportunidade de ouvir algumas músicas raramente tocadas, como o é caso de “Trebaruna”. Sempre com o público na mão, esta primeira parte terminou com aquele que se tornou num verdadeiro hino, que continua a colocar em todos os países por onde a banda passa milhares a gritar o lusitano refrão de “Alma Mater”. A primeira página desta noite estava virada e os presentes suspiravam por mais.
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Este era o momento mais aguardado da noite, o aniversariante “Irreligious” preparava-se para ser tocado de uma ponta à outra. E assim foi. “Opium” foi a palavra de ordem e, acompanhado por lança-chamas, Fernando Ribeiro, sempre em harmonia com o público, deu início ao álbum que há 20 anos saía para comprovar que o “Wolfheart” não fora um “golpe de sorte”. “Awake”, “For a Taste of Eternity”, “Ruin & Misery”, “A Posined Gift”, todos estes clássicos tocados enquanto os presentes se rendiam a toda a envolvência e assistiam a um momento que dificilmente se repetirá (com a obvia exceção do segundo espetáculo de celebração em Lisboa). Chegara a vez de “Raven Claws”, que contou com a participação da já nossa conhecida Mariangela Demurtas, vocalista dos Tristania. Imparáveis, os Moonspell continuaram este capítulo com “Mephisto” e “Herr Spiegelmann” – acompanhadas, mais uma vez, por todo o espetáculo de luz e fogo sincronizado que, desta vez, contou com um jogo de lasers nas mãos de Fernando Ribeiro. O inesquecível final ocorre, como é habitual, com “Full Moon Madness”, enquanto eram contadas as “histórias de lobos que foram Homens e dos outros que jamais o serão”, debaixo de um espetáculo pirotécnico que enquadrava a banda.
Depois de tocados os dois álbuns mais aclamados da banda, chegava a última parte da noite com “Extinct”, o último álbum, lançado no ano passado. Podia esperar-se que o concerto abrandasse, mas isso não aconteceu, ninguém arredou pé e o feitiço da extinção foi lançado sobre todos os presentes, que respondiam com entusiasmo ao chamamento do lobo. Refrões de músicas como “Breath”, “Extinct” ou “Medusalem” foram cantados em plenos pulmões e o tempo foi passando até chegarmos ao momento final do concerto com “Future is Dark”. Mas negro não é certamente o futuro dos Moonspell, que continuam firmemente a traçar o seu caminho que seguirá já na próxima semana para a Europa na estrada da extinção.
Foram cerca de três horas de música em que o público nunca dispersou. Através de toda a experiência acumulada ao longo dos anos e da qualidade de todos os músicos – com destaque para a prestação fantástica de Ricardo Amorim na guitarra –, a banda conseguiu cativar a atenção desde a primeira à última música, provando que os mais de 20 anos de carreira não lhes pesam nas costas.