Texto: Joana Ribeiro
Fotos: Daniel Sampaio
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"Uma viagem intensa [...] da qual saímos irremediavelmente atordoados – no melhor sentido da palavra."
Texto: Joana Ribeiro Fotos: Daniel Sampaio
Os Löbo quebram em 2016 o silêncio em que mergulharam durante quase 4 anos. Depois de uma tentativa de regresso no Sound Bay Fest (que viria a ser cancelado), de uma passagem algo impessoal por Serralves e, mais recentemente, de um concerto em nome próprio no Sabotage Club em Lisboa, chegou a altura de o Porto os receber no sempre acolhedor Cave 45, com toda a névoa e jogo de luzes que compõem a experiência sensorial em que esperávamos ser – e fomos – levados com a interpretação de “Älma”. As primeiras notas de “Aqui em baixo a alma mede-se com mãos cheias de pedras” envolveram-nos numa atmosfera densa e pesada, com cada ocupante da sala ensimesmado, a maioria de olhos fechados. Estava instalada uma espécie de introspecção colectiva através da música, com os próprios membros da banda parecendo tocar para si próprios, num estado de quase transcendência, sem que isso estabelecesse uma barreira entre eles e o público, estando assegurados o ambiente imperturbável e a recepção da história que os Löbo nos queriam contar. Escapando-se, como sempre, a definições, fazendo uso das guitarras arrastadas do doom e do post-rock e de sintetizadores fantasmagóricos que invariavelmente nos arrepiam, revisitaram “Älma” na íntegra, com o lamento contínuo de “Nöite” a deixar uma nota de despedida e a concluir um concerto pelo qual já há muito ansiávamos.
Foram-nos concedidos uns breves momentos para recuperar do transe que tínhamos acabado de experienciar, até que nova dose deste se apresentou no palco sob a forma dos Memoirs Of A Secret Empire. Traziam na bagagem o primeiro álbum, “Vertigo”, e vieram não apenas confirmar, como reforçar as boas suspeitas que já tínhamos destes rapazes desde o seu EP datado de 2013. A performance que serviu de veículo a “Vertigo” demonstrou amadurecimento no som, dando-nos oportunidade de apreciar a composição mais complexa das músicas, e uma energia e dinamismo que nem sempre são conseguidos no post-rock; não lhe falta a melancolia característica do género, mas é bem contrabalançada com mudanças de tempo que não dão a menor hipótese à monotonia. Foi uma viagem intensa, pautada ora por luz, ora por sombra, da qual saímos irremediavelmente atordoados – no melhor sentido da palavra.
Se os Löbo enveredaram pela transmutação de alguns dos temas do disco que agora relançam – algo que será compreensível quando se revisita temas com meia dúzia de anos –, os MOASE aproveitaram a ocasião e a sala bem composta para testar a potência do novo disco, no qual temas como “Angst” ou “Boris” se apresentam bem mais encorpados do que aquilo a que estávamos habituados na sonoridade da banda. Ambas as abordagens provaram-se vencedoras, deixando-nos com altas expectativas em relação aos novos caminhos que poderão ser trilhados pelos Löbo, bem como às portas que serão abertas pelo som renovado dos MOASE.
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September 2019
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