Texto e fotos: Bernardo Sampaio
André Hencleeday (percussões), Carlos Carvão (guitarras) e Daniel Neves (electrónicas) são os CRUA, mas está na sua essência a colaboração com outros músicos, alargando assim os seus horizontes. Desta feita, chamaram Jorge Nuno (guitarra) e João Paulo Entrezede (percussões) que dão a cara, ou melhor, a máscara, a Signs of the Silhouette. Com o recém lançado “Nu”, uma viagem no mundo avant-garde que conta com colaborações de Hernâni Faustino e Rodrigo Pinheiro, os SOTS reuniram forças com os autores de já quatro lançamentos (“Sangra”, “Lama Seca”, “Bruma” e “Crua”).
O sótão da SMUP apresentava-se escuro e assustador ao início, mas aquando do início do concerto, toda a sala se tornou o cenário perfeito para a colaboração destes dois projectos, através da procura e execução de um percurso psicadélico, definidos pelo seu improviso de raíz.
A disposição frontal das duas baterias no meio da sala, envoltas pelos outros três membros, é uma afirmação à importância do jogo rítmico feito por ambos os bateristas. A sua química é essencial e provaram-no através de um set cru e repleto de dinâmicas agressivas. Não pretendemos subvalorizar a importância das texturas atmosféricas criadas pelas guitarras, dos leads e gritos musicais dos dois guitarristas que, através de camadas de distorção e fuzz, apelam ao encontro climático. As electrónicas são o cimento final na unificação de um colectivo puro e em sintonia.
Usa o rato para navegares pelo slideshow
|
As bandas apostaram num diálogo de êxtases, com melodias fortes carregadas de energia e timbalões capazes de tremer as fundações da SMUP, remetendo-nos para outros estados de espírito, outros universos, através da criação musical e ambiental e das contribuições espontâneas e genuínas de cada músico. A abertura a estas colaborações é, também, uma forma de expandir a sonoridade que é característica a cada grupo, permitindo assim a isenção de rótulos e uma maior exploração da sua criatividade e evolução musical.
Assentes na improvisação e reacção musical como ingrediente principal de ambos os projectos, sentiu-se nesta colaboração uma rigorosa experiência com estruturas e crescendos delicadamente construídos e, através da implementação de ferramentas pouco usuais em palco, os CRUA e os Signs of the Silhouette trouxeram uma excelente experiência de psicadelismo experimental a fãs dedicados do género.