"Acho que devia haver um apocalipse de tudo e começava-se do zero."
Entrevista por: Lisandro Jesus
Entrevista por: Lisandro Jesus
Portuguese Distortion - Tó, este é um projeto um pouco diferente daquilo a que nos tens habituado, sobretudo em comparação à sonoridade de Sacred Sin. Isto foi uma cena que já vinhas a planear há muito tempo?
Tó Pica - Bom, eu percebo o que queres dizer com o ser um pouco diferente e na realidade é, mas não foi de todo planeado ser diferente, simplesmente como amante de música em geral, como sempre fui, nunca fui fundamentalista de um género musical. Eu escrevo conforme me estou a sentir, sempre fiz músicas de variadíssimos géneros. Para teres uma ideia, o solo da primeira música do álbum de Sacred Sin “Eye’m’God” de 1994 tem a melodia da música “Rio” dos Duran Duran, mas como é guitarra cheia de distorção ninguém nunca ligou uma coisa à outra e foi uma espécie de tributo a uma das minhas bandas
preferidas... Aliás, a duas... A música é muito Morbid Angel, e essa parte do solo Duran Duran eheh.
Portanto não foi planeado, o próximo logo se vê, não gosto de regras nem barreiras nem nada disso no que toca à música.
És professor de guitarra, compositor e produtor, és guitarrista dos R.A.M.P., Anti-Clockwise, Secret Lie e fundador dos Sacred Sin. Consegues conciliar tudo ao mesmo tempo, ou ainda fazes mais alguma coisa (risos)?
Anti-Clockwise hibernou indefinidamente, Sacred Sin foi uma banda que teve a carreira que teve e acabou mas que a qualquer momento pode gravar um álbum novo, e Secret Lie eu saí da banda, portanto tenho mais tempo que o que se possa pensar à primeira vista, mas de qualquer das formas há sempre tempo para fazer mais coisas, é tudo uma questão de organização e vontade de fazer acontecer...
Trabalhas no disco com três vocalistas, porque é que não optaste por um? Não seria melhor um disco de sentido único, com um vocal igual em todas as malhas, ou pensaste na cena de conjugares o teu virtuosismo com diferentes vozes?
Não seria melhor, pelo menos para mim [risos]. Eu não consigo ouvir álbuns inteiros, aborrecem-me de morte, ouvir sempre o mesmo sabor… assim, como as músicas são todas diferentes em termos de géneros, também as vozes são... Nota que ao contrário de muita gente eu não penso que a voz é a cena principal da música, é só mais um instrumento. A cena da música é a própria musica, o conjunto de TODOS os elementos que fazem uma música ser isso mesmo...uma musica. E daí eu também não querer fazer álbuns instrumentais ou cheios de virtuosismo como disseste e que as pessoas normalmente associam às olimpíadas da guitarra e técnicas mirabolantes...
Repara, os verdadeiros virtuosos para mim são músicos como o Brian may, David Gilmour, Michael Schenker, George Lynch, e se reparares todos eles fazem parte de uma banda, de um todo, e não uma cena de o guitarrista artista de circo e “sus muchachos” a fazerem um ritmo da tanga para ele poder brilhar, entendes? O que eu chamo de virtuosismo é encaixares-te num todo que é a música sem atrapalhar e, se puderes, meter uma coisa ou outra que faça a diferença sem ser forçado, e que melhore a música...ou seja, servires a música e não a música servir-te a ti e o teu ego só porque tens falta de auto-estima ou precisas de ser o centro das atenções para te sentires bem! Isso não é de todo o meu propósito
Quanto às tours europeias que fizeste com os Sacred Sin e aquele mediatismo todo na altura com o vídeo na MTV (o primeiro de uma banda portuguesa), isso fez-te crescer como músico e como pessoa?
Sim e não... aprendi muita coisa, conheci muita gente, percebi como funcionava o meio e o que tinhas de fazer e o duro que é, e principalmente a reconhecer hipocrisia e as pessoas que te dão palmadinhas nas costas porque querem algo em troco. Musicalmente cresci porque era obrigado a isso, tínhamos concertos todos os dias apos viagens sem dormir e etc portanto tinhas de te manter em forma para subires ao palco e tocar... e só o facto de teres concertos em países diferentes todos os dias faz com que tu cresças musicalmente sem te aperceberes disso.
Tó, como última pergunta, gostava que me falasses um pouco do panorama nacional. Isto está bom de saúde, ou pensas que há bandas a mais num país tão pequeno como o nosso?
Depende a quem perguntares, se perguntares ao público ele diz que sim porque cada vez há mais bandas com qualidade e a fazerem bons álbuns e etc... se perguntares às bandas dizem que não porque o público não vai aos concertos, não compram os discos e fazem download e etc...
Na minha opinião acho que devia haver um apocalipse de tudo e começava-se do zero tipo “rebenta a bolha” porque há demasiadas bandas e bem boas, e o público tornou-se um público de sofá, ou seja, fora as devidas excepções o público acha que apoiar o meio, as bandas e os concertos é ter o cu alapado no sofá, mandar umas postas de pescada no Facebook de vez em quando, porem “likes” nas cenas e serem todos muito moralistas em relação á musica, dizerem que compram e na outra janela do browser estar a fazer download [risos] Sinais dos tempos...é o que é e queixar não resolve.
Tó Pica - Bom, eu percebo o que queres dizer com o ser um pouco diferente e na realidade é, mas não foi de todo planeado ser diferente, simplesmente como amante de música em geral, como sempre fui, nunca fui fundamentalista de um género musical. Eu escrevo conforme me estou a sentir, sempre fiz músicas de variadíssimos géneros. Para teres uma ideia, o solo da primeira música do álbum de Sacred Sin “Eye’m’God” de 1994 tem a melodia da música “Rio” dos Duran Duran, mas como é guitarra cheia de distorção ninguém nunca ligou uma coisa à outra e foi uma espécie de tributo a uma das minhas bandas
preferidas... Aliás, a duas... A música é muito Morbid Angel, e essa parte do solo Duran Duran eheh.
Portanto não foi planeado, o próximo logo se vê, não gosto de regras nem barreiras nem nada disso no que toca à música.
És professor de guitarra, compositor e produtor, és guitarrista dos R.A.M.P., Anti-Clockwise, Secret Lie e fundador dos Sacred Sin. Consegues conciliar tudo ao mesmo tempo, ou ainda fazes mais alguma coisa (risos)?
Anti-Clockwise hibernou indefinidamente, Sacred Sin foi uma banda que teve a carreira que teve e acabou mas que a qualquer momento pode gravar um álbum novo, e Secret Lie eu saí da banda, portanto tenho mais tempo que o que se possa pensar à primeira vista, mas de qualquer das formas há sempre tempo para fazer mais coisas, é tudo uma questão de organização e vontade de fazer acontecer...
Trabalhas no disco com três vocalistas, porque é que não optaste por um? Não seria melhor um disco de sentido único, com um vocal igual em todas as malhas, ou pensaste na cena de conjugares o teu virtuosismo com diferentes vozes?
Não seria melhor, pelo menos para mim [risos]. Eu não consigo ouvir álbuns inteiros, aborrecem-me de morte, ouvir sempre o mesmo sabor… assim, como as músicas são todas diferentes em termos de géneros, também as vozes são... Nota que ao contrário de muita gente eu não penso que a voz é a cena principal da música, é só mais um instrumento. A cena da música é a própria musica, o conjunto de TODOS os elementos que fazem uma música ser isso mesmo...uma musica. E daí eu também não querer fazer álbuns instrumentais ou cheios de virtuosismo como disseste e que as pessoas normalmente associam às olimpíadas da guitarra e técnicas mirabolantes...
Repara, os verdadeiros virtuosos para mim são músicos como o Brian may, David Gilmour, Michael Schenker, George Lynch, e se reparares todos eles fazem parte de uma banda, de um todo, e não uma cena de o guitarrista artista de circo e “sus muchachos” a fazerem um ritmo da tanga para ele poder brilhar, entendes? O que eu chamo de virtuosismo é encaixares-te num todo que é a música sem atrapalhar e, se puderes, meter uma coisa ou outra que faça a diferença sem ser forçado, e que melhore a música...ou seja, servires a música e não a música servir-te a ti e o teu ego só porque tens falta de auto-estima ou precisas de ser o centro das atenções para te sentires bem! Isso não é de todo o meu propósito
Quanto às tours europeias que fizeste com os Sacred Sin e aquele mediatismo todo na altura com o vídeo na MTV (o primeiro de uma banda portuguesa), isso fez-te crescer como músico e como pessoa?
Sim e não... aprendi muita coisa, conheci muita gente, percebi como funcionava o meio e o que tinhas de fazer e o duro que é, e principalmente a reconhecer hipocrisia e as pessoas que te dão palmadinhas nas costas porque querem algo em troco. Musicalmente cresci porque era obrigado a isso, tínhamos concertos todos os dias apos viagens sem dormir e etc portanto tinhas de te manter em forma para subires ao palco e tocar... e só o facto de teres concertos em países diferentes todos os dias faz com que tu cresças musicalmente sem te aperceberes disso.
Tó, como última pergunta, gostava que me falasses um pouco do panorama nacional. Isto está bom de saúde, ou pensas que há bandas a mais num país tão pequeno como o nosso?
Depende a quem perguntares, se perguntares ao público ele diz que sim porque cada vez há mais bandas com qualidade e a fazerem bons álbuns e etc... se perguntares às bandas dizem que não porque o público não vai aos concertos, não compram os discos e fazem download e etc...
Na minha opinião acho que devia haver um apocalipse de tudo e começava-se do zero tipo “rebenta a bolha” porque há demasiadas bandas e bem boas, e o público tornou-se um público de sofá, ou seja, fora as devidas excepções o público acha que apoiar o meio, as bandas e os concertos é ter o cu alapado no sofá, mandar umas postas de pescada no Facebook de vez em quando, porem “likes” nas cenas e serem todos muito moralistas em relação á musica, dizerem que compram e na outra janela do browser estar a fazer download [risos] Sinais dos tempos...é o que é e queixar não resolve.