7 anos e 2 álbuns depois da criação dos Midnight Priest, a Portuguese Distortion esteve à conversa com Alexandre "War Tank" Animal, o baterista da banda, que nos respondeu a algumas perguntas sobre as alterações no grupo, o último lançamento e a recetividade do público lá fora.
Entrevista por: Lisandro Jesus
Entrevista por: Lisandro Jesus
Portuguese Distortion - Lançaram recentemente o último trabalho, intitulado “Midnight Steel”. A mudança, tanto a nível sonoro como em termos líricos, já se previa ou foi inevitável face à saída do anterior vocalista - o Eduardo "Priest" ?
War Tank - Boas Lisandro! Antes de mais obrigado pelo convite e sucesso aí na zine! Com a saída do nosso querido padre, tivemos que tomar decisões, entre elas a língua e a abordagem aos temas, a nível da voz. Posto isto, tínhamos 2 hipóteses: arranjar um sucessor do Eduardo, alguém com uma voz grave e uma expressividade teatral, de certa forma a continuar o trabalho, ou apostar em algo diferente. Penso que tomámos a decisão certa ao encontrar um vocalista totalmente diferente e com uma abordagem nova. Assim sendo, aproveitámos para explorar uma nova língua, até porque o Alex tem uma boa pronuncia de inglês, derivado à sua vivência no Canadá.
PD - Estiveram recentemente no Vagos Open Air e em outros festivais, assim como em França, Bélgica, Áustria, Itália, entre tantos outros sítios. Como foi a aceitação do pessoal lá fora?
WT - É interessante. Em Portugal é legitimo dizer que a reacção não foi tão fácil, pois o público está preso ao registo em português. Já lá fora, a decisão mostrou ser acertada, permitindo maior interação com o público. Tivemos em grandes sítios, com malta que venera heavy metal, e tivemos concertos fantásticos: em Itália com Angel Witch, Áustria foi demais, parecia um videoclip, como afirmava alguém, com todos os abusos e mulheres de permanente (risos). Temos tido sempre boas reacções dos públicos onde tocamos, o que só pode ser bom sinal.
PD - A nível de eventos em território Nacional têm estado em grande. Tiveram, por exemplo, no festival mais antigo do País, o HMF, no já conceituado SWR e no já mencionado Vagos. Além disso, têm também mais concertos agendados brevemente e com bandas de renome, como os Enforcer e os Venom INC. Pensas que a banda já tem um estatuto definido a nível nacional ou ainda consideras que o Padre da Meia Noite pode chegar mais longe na indústria em Portugal?
WT - É complicado. O nosso objetivo não passa por nos tornarmos mais bem sucedidos comercialmente, senão optávamos por um estilo mais na moda em Portugal. Penso que já temos reconhecimento por mérito próprio. Estamos a saborear a viagem e pretendemos cada vez mais tocar lá fora. Não desdenhando Portugal nem as excelentes oportunidades que nos foram dadas, queremos manter este público e estes promotores que têm colaborado connosco, e crescer na cena lá fora. O que nos interessa é ter qualidade musical, ser bem sucedido quase nunca consegue casar a qualidade com as outras pretensões . "Stand true, stand tall", como dizem os grandes Ravensire!
PD - Há pessoal que, possivelmente, não sabe que estiveste noutra banda. Saindo um bocadinho do tema Midnight Priest, fala-me um pouco da tua experiência passada com os The Unholy.
WT - A experiência com Unholy foi boa. Eles precisavam de um baterista, e na altura tinha tempo, e tenho o maior prazer em participar do que, para mim, é dos únicos actos fortes e com tesão de U.S. Metal. Se eles quiserem, têm muito por onde evoluir. Basta ver que já foram ao Keep It True só com uma demo.
PD - Vocês têm carregado a bandeira a par dos Ravensire, Ironsword e outras bandas. Consideram-se o "sangue novo" do Heavy Metal em Portugal?
WT - Já não somos propriamente novatos, mas gosto de pensar que sim. Eu não tenho qualquer bairrismo com a cena local, os meus irmãos estão em todo o lado do mundo. No entanto, é um prazer crescer com amigos de bandas como Ravensire, Inquisitor, Wanderer, etc. Acho que conseguimos trazer, todos juntos, um pouco de heavy tradicional à cena saturada de modernices e sem tesão nenhum. A cena podia estar melhor, mais concisa, mas a verdade é que nos habituámos mal a certos empreendedores como o Francisco da Forja, e outros, que faziam concertos do seu bolso. É preciso que apareçam novo atores locais, malta com tesão, que queira trabalhar com as bandas e fortalecer a cena para continuarmos a ter miúdos a ouvir heavy metal e a espalhar a fé (risos).
PD - Para terminar, o que pensas da aceitação da sonoridade Old School por parte do nosso público?
WT - Por nosso público, suspeito que te refiras à audiência de “metal” em geral. No nosso caso, a recepção sempre foi surpreendentemente boa, para uma banda old school. Ainda assim, sabemos bem que a cena, atualmente, está coberta de inteletualóides neo hipsters, que adoram classificar o som tradicional como datado, para imporem as suas preferências neo xungas mas..”contemporâneas”. Depois deparas-te com fóruns e blogs underground que de Metal underground pouco têm.
Seja como for, nós nunca fizemos um álbum a pensar que a Loud ou outros blogs e média o iriam enaltecer. Sempre soubemos crescer sem esse apoio, assim como as outras bandas e orgulhosamente permanecemos verdadeiros, abertos de espírito para todos, mas ortodoxos na criação. Até porque nunca há-de haver nada como o heavy metal, a roda está inventada.